Justiça decreta prisão preventiva de mãe que deixou gêmeos sozinhos em casa e um deles morreu, diz delegada
A mãe que foi presa após deixar os filhos, gêmeos de 9 meses, sozinhos e um deles morrer teve a prisão preventiva decretada pela Justiça, segundo a delegada responsável pelas investigações, Dilamar Castro. Conforme a investigadora, a mulher deixou os bebês em casa para ir a uma festa na noite que o menino morreu, em Cidade Ocidental, no Entorno do Distrito Federal. No celular dela, a polícia encontrou vídeos onde ela aparece no evento visivelmente embriagada ou sob efeitos de drogas.
À TV Anhanguera, a advogada de defesa da mãe disse que o caso se tratou de uma “fatalidade” e que vai provar que foi um acidente.
A criança foi encontrada sem vida na manhã de segunda-feira (3). De acordo com a delegada, após apresentar duas versões diferentes, a mãe confessou que saiu de casa às 23h de domingo (2) e só retornou por volta de 11h do dia seguinte, quando encontrou um dos bebês já bastante roxo e sem respirar. Ainda de acordo com Dilamar, ela cuidava dos filhos sozinha, pois o pai dos bebês está preso na Unidade Prisional de Anápolis.
“Ela afirmou que havia saído para trabalhar para fazer a divulgação de uma festa, onde iria ganhar R$ 50. Nós fizemos a representação pela quebra do sigilo telefônico dela e, no celular, nós encontramos vídeos dela em uma festa na noite de domingo, no Jardim Ingá, em Luziânia, onde ela aparece visivelmente embriagada ou sob efeito de drogas”, contou.
Segundo a delegada, após a mulher encontrar o filho naquela situação, ela pediu ajuda a vizinhos, que acionaram a Polícia Militar. Os policiais tentaram reanimar o bebê, mas, como não conseguiram, o levaram para o hospital da cidade, de acordo com a investigadora.
A médica que atendeu a criança se recusou a atestar o óbito, pois havia sinais de lesões no corpo e no rosto do bebê. “Ela visualizou alguns sinais de lesões que ela não entendia a motivação, que era obscuro, e que, então, era necessário que fosse feita a perícia criminal em relação à morte dessa criança”, disse a delegada.
Segundo a investigadora, o laudo cadavérico do Instituto Médico Legal (IML) não havia ficado pronto até a manhã desta quinta-feira (6). No entanto, peritos já descartaram que a criança tenha morrido por causa das lesões ou por alguma doença preexistente.
“O perito está analisando com bastante critério as lesões encontradas no rosto e na cabeça do bebê para que possamos entender o que pode ter causado esses ferimentos. Porém, já sabemos que as lesões não foram a causa da morte, já que foi encontrado uma substância na traqueia do menino, que pode ter relação com engasgamento”, explicou.
O corpo do bebê foi enterrado na manhã de quarta-feira (5), em um cemitério de Cidade Ocidental. Já o irmão, que também estava na casa e foi encontrado com vida, está sob os cuidados dos avós paternos, segundo a delegada.
Após ser interrogada, a mulher foi autuada em flagrante por abandono de incapaz, com resultado morte. A mãe está presa, até a tarde desta quinta-feira, no presídio feminino de Luziânia. Uma audiência de custódia, que vai decidir se ela ficará detida até o fim das investigações, está marcada para acontecer nesta tarde.
As investigações seguem com o objetivo de esclarecer o que de fato provocou a morte do menino e se ele era vítima de maus-tratos. “Já conseguimos ter acesso à câmera de um comércio que fica em frente à casa onde o bebê foi encontrado morto. Agora, queremos saber se alguém entrou nessa casa, quando realmente essa mãe saiu e quando voltou, além de entender o que de fato aconteceu com essa vítima”, explicou a investigadora.
Versões diferentes
Segundo Dilamar, a mãe apresentou versões diferentes ao longo dos depoimentos. A princípio, ela informou à polícia que havia passado a noite com os filhos e que, ao acordar, encontrou uma das crianças já com os sinais vitais estranhos e, em seguida, saiu na rua para pedir ajuda.
No entanto, após entrevistas na delegacia, a mulher confessou que havia saído na noite anterior. Ela disse que foi trabalhar para ganhar R$ 50. Dinheiro que, segundo a mãe, seria para sustentar os filhos.
“As equipes policiais foram até o local para fazer um levantamento no local do crime, para saber se teria algum vestígio de alguma outra coisa que poderia ter acontecido com essa criança, então, depois de um tempo que já estava na delegacia, ela mudou a versão e afirmou que tinha saído e que, quando chegou, encontrou a criança já sem vida”, disse.
Suspeita de tráfico de drogas
Segundo a delegada, após o crime, a Polícia Civil começou a receber denúncias de que a mãe costumava deixar os filhos abandonados e que ela traficava drogas. Na casa, onde foi visualizado um ambiente bastante sujo, a polícia encontrou porções de maconha e de cocaína.
Dilamar também recebeu denúncia de que a mãe possuía uma arma de fogo. A delegada afirmou que encontrou fotos da mulher segurando um armamento, porém, o objeto não foi localizado pelos policiais. À polícia, a mãe disse que se desfez da arma.
Ainda de acordo com a delegada, a mãe já tinha sido denunciada duas vezes ao Conselho Tutelar de Cidade Ocidental. A primeira, em outubro de 2020, por não registrar os nomes dos filhos. A segunda, em abril deste ano, por falta de alimentação e localidade suja na criação das crianças, conforme informou a investigadora.
Sobre as denúncias, o Conselho Tutelar disse que acompanhava a mãe e os gêmeos desde que recebeu a primeira denúncia. Disse ainda que a segunda denúncia, sobre a alimentação dos bebês e das condições insalubres da casa, não se confirmou. O conselho afirmou que foi pego de surpresa, porque, segundo o órgão, a mãe nunca deu indícios de que deixaria as crianças sozinhas em casa.
Fonte: G1 Goiás