Operação investiga funcionárias da saúde suspeitas de participar de esquema para furar fila da vacina contra Covid-19 em Luziânia
Uma operação da Polícia Civil investiga duas funcionárias da Secretaria de Saúde de Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, por organizarem um esquema para furar a fila da vacinação contra a Covid-19. A suspeita é que pelo menos 17 pessoas tenham sido imunizadas irregularmente usando doses que sobravam em frascos e deveriam ser destinadas a moradores que preencheram um cadastro de espera.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão nas casas deles. Segundo a polícia, uma funcionária da parte administrativa é apontada como a organizadora do esquema. Já a outra mulher trabalhava na aplicava as doses. Foram apreendidos celulares.
Também foi encontrada uma lista com nomes de pessoas. A suspeita é que elas foram imunizadas de maneira irregular.
“Alguns eram parentes delas e outros eram pessoas que elas não conheciam. Vamos, agora, identificar se elas receberam alguma vantagem financeira para fazer isso”, disse o delegado Carlos Alfama.
Os nomes das investigadas não foram divulgados. O G1 não conseguiu localizar a defesa delas. Após serem ouvidas, foram liberadas.
A Secretaria de Saúde da cidade informou que as duas eram profissionais credenciadas, que prestavam serviço ao município, mas que tiveram os contratos rescindidos.
A denúncia foi feita à polícia pela própria Secretaria Municipal de Saúde, que começou a suspeitar de irregularidades. Em Luziânia, pessoas podem se cadastrar para receber doses que sobram nos frascos e que seriam descartadas no fim do dia de vacinação, pois não teriam mais validade se fossem guardadas. Elas são chamadas de acordo com critérios como a idade.
Segundo o delegado, as duas funcionárias não seguiam essa lista, vacinando pessoas que elas escolhiam, algumas com menos de 50 anos.
“Há duas formas de atuação. Uma era a formal, quando a dose era irregularmente aplicada e registrada. A outra era irregularmente aplicada, mas não registrada no sistema”, disse o delegado.
As vacinas irregulares teriam sido aplicadas no mês de março. “Uma delas, a que aplicava as vacinas, confessou a irregularidade e explicou até como funcionava o esquema. A outra negou. Mas temos informações de que ela chegou a perguntar para outras enfermeiras se elas queriam indicar alguém para ser vacinado”, disse Alfama.
As duas vão responder por peculato e infração de medidas sanitárias. Se ficar comprovado que elas receberam dinheiro para aplicar as doses, elas também responderão por corrupção passiva.
As pessoas que foram imunizadas também serão investigadas. Caso fique comprovado que sabiam das irregularidades, podem responder pelos mesmos crimes, além de associação criminosa.
Fonte:G1 Goiás